domingo, junho 19, 2005

Há duas semanas foi ver uma peça de teatro que já queria ver há bastante tempo; Conpenhaga. a 1ª vez que esteve em palco eu acabei por não ver, e qd foi reposta este ano, por causa da comemoração dos 100 anos do ano de ouro da Fisica, informaram-me que ia estar em palco até 30 de Maio e saiu de cena dia 15!!!
Mas, por ventura dos deuses, o Teatro Trindade tem um programa de Teatro-Ciência, e convidou uma companhia brasileira especializada em peças sobre Ciência. E ela trouxe a peça Conpenhagen! E a cereja sobre o bolo foi o facto de a peça ser no teatro da Politécnica!!
O nossa querida cantina da Politécnica é agora um teatro. E bastante jeitoso por sinal! A marquise, que tantas cartadas viu, é um barzinho simpático. O palco é no bar. Está tudo bastante bem arranjado. Veio-me lg a memória os bons tempos passados naquele lugar mitico.
A peça é bastante boa, daquelas que fazem uma pessoa pensar. e não dei pelo o tempo passar, mm sendo a duraçõ da peça 3 horas! (com um intervalo). A representação tb foi bastante boa, mas com uns pequenos lapsos e é estranho ouvir dizer o ion, neutron, etc..., com sotaque brasileiro. A minha frente estavam a Carmen Dolores e o Luís Alegria, que foram os actores na outra encenação. E pelo menos a Carmen Dolores estava a gostar, pois meteu conversa com uma amiga minha na casa de banho! E disse que estava a gostar.
Senão conhecem a peça, ela fala duma visita de Heiseberg a Bohr a Conpenhaga em 1941, em plena ocupação nazi da Dinamarca. O Heiseberg dirigia um programa nuclear da Alemanha, e Bohr, que tinha sido o seu mentor, era uma sumidade na area. Este encontro foi real, mas pouco se sabe o que realmente se passou, especula-se muito, mas quase todos concordam que teve um papel na guerra. A peça é o que poderá ter acontecido nesse dia, várias hipoteses e teorias. O texto é excelente, muito bem escrito. E faz pensar!
E a mim fez-me!
Como é histórico os EUA construiram a bomba e os Nazis não conseguiram. Bohr, que era meio judeu, teve de fugir da Dinamarca e foi para EUA para Los Alamos, como o confidente e "avó sábio". Ele foi sempre uma pessoa muito recta e com convicções fortes, com valores humanitários.
Heisenberg dirigiu o programa nuclear nazi, que poderia dar a bomba a Hitler! O que felizmente não aconteceu!
Numa passagens levanta-se a questão:
No julgamento final quem seria o mais culpado:
Bohr, o "humano", mas com a sua participação na construção da bomba, levou à morte de centenas de milhares de pessoas?
Ou Heisenberg, que dirigiu o programa nuclear Nazi, mas não produziu a bomba, portanto não causou a morte de ninguem?
Eu não consigo responder. O que conta o caminho ou o destino?
Comentem
Beijos e abraços
Luís

1 comentário:

Rui disse...

Ora bem, boa pergunta...
Claro que a solucao (se a houver) nao e' facil, mas tambem depende de uma coisa: o Heisenberg nao quis ou nao pode?
Queria e nao tinha a certeza que podia? Podia e nao tinha a certeza que queria? Era um homem, como sabemos, assolado por muitas duvidas!
A violencia gratuita (e em geral contra os mais fracos, pois entao)e' da natureza humana; olhem o exemplo dos skins que se manifestaram depois do "Arrastao"? Boa desculpa para comecar a distribuir estaladas pela malta que nao tem o mesmo tom de pele ou que os olha de lado ou se veste de maneira diferente...
Assim, os dois sao humanos, e igualmente culpados desse "pecadilho" que foi a bomba atomica...
Dizia o Roosevelt "...assim poupamos material e salvamos os soldados americanos...".
E este, onde fica?